Darjeeling: O Melhor Chá e Aventuras dos Himalaias

Antes da chegada dos britânicos, Darjeeling fazia parte do reino de Sikkim e, por algum tempo, foi disputada e conquistada pelo Nepal. Mas, no início do século XIX, após as guerras Anglo-Nepalesas, a região foi recuperada pelos britânicos, que a cederam novamente a Sikkim antes de anexá-la à colônia inglesa em 1835.

Se você já viu o filme do Wes Anderson, de onde tirei o nome desse artigo, saiba que ele nada tem de Darjeeling, mas, ainda assim, foi desse jeito que a cidade entrou no nosso radar.

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Escolhemos viajar para Darjeeling do jeito mais poético, mas talvez menos prático: de trem de brinquedo. A ferrovia que liga a cidade de Siliguri a Darjeeling, a Darjeeling Himalayan Railway, é patrimônio mundial pela UNESCO desde 1881 e, desde a sua inauguração, usa mecanismos como loops (rotatórias) e zigzags (trechos em que o trem alterna entre ir de ré e para frente) para vencer os 2.000 metros de ganho de altitude.

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A viagem passa por lugares inacreditáveis, como santuários de vida selvagem, o quintal de inúmeras casas nas vilas pelo caminho e também oferece vista privilegiada dos Himalaias.Mas, para ter esse privilégio, é preciso encarar uma viagem de 10 horas a uma velocidade média de 11 km/h. Eu diria que valeu a pena pela experiência, mas vou pensar 2 vezes antes de fazer essa viagem novamente.

Chegar a Darjeeling, depois de viajar por todo o norte da Índia, foi como cruzar a fronteira para o Nepal: mudou o clima, os rostos das pessoas e até mesmo a culinária.

Mas o que faz valer a pena essa viagem?

A vista onipresente da cidade é nada menos que a terceira maior montanha do mundo, a Kanchenjunga, e um passeio muito especial ao nascer do sol te permite vê-la sendo pintada de dourado a medida que o sol sobe no horizonte. Tiger Hill é como se chama a colina onde centenas de turistas se reúnem para esse momento. Esse passeio também oferece, num dia claro, Everest, Lhotse e Makalu ao longe. Prepare-se para baixas temperaturas.

Além das montanhas e por causa delas, é la onde se produz o melhor chá do mundo, conhecido como o champagne dos chás. Na cidade é possível visitar as plantações de chá e fazer degustações nas inúmeras casas/lojas de chá ao longo da Mall Road, rua comercial bastante movimentada.

Também nessa rua fica a Glenary`s Bakery, não deixe de comer o cheesecake de mirtilo e tomar chá com vista pra montanhas.

Mas as atrações de Darjeeling não param por aí. Por lá é possível visitar um centro de refugiados tibetanos que funciona por ali desde 1956, ver as mulheres trabalharem a lá e conhecer a sua história de conflite dessa nação em um exposição fotográfica.

Ps.: Aqui morou, inclusive, o 13º Dalai Lama durante 2 anos.

A cidade também abriga o Instituto de Montanhismo do Himalaia, que foi por muitos anos chefiado pelo próprio Tenzing Norgay, o primeiro homem a chegar no topo do Everest e oferece cursos de montanhismo do básico ao avançado que levaram muitos outros montanhistas ao topo da montanha mais alta do mundo.

Na mesma área do Instituto de montanhismo também é possível visitar um zoológico e ver os raros pandas vermelhos. A espécie está em extinção e sua primeira reintrodução bem sucedida na natureza foi feita pela equipe do zoológico de Darjeeling.

A gastronomia de Darjeeling também é uma atração em si. Os imperdíveis na minha opinião são:

• Momos


• Bolinhos recheados: que lembram algo entre o gyosa e o bao e a thukpa,


• Uma sopa tibetana de noodles e vegetais, que combina muito com o clima frio da cidade.

Para provar essas iguarias e muitas outras recomendo o Kunga Restaurant, o pequeno mas disputado restaurante tibetano no centro da cidade.

Chegue cedo, pois ele fecha as 18h, e espere encontrar uma fila, que não demora muito para andar!

Por fim, não há como pensar em Darjeeling e não pensar nas religiões que convivem ali. Ao longo dos séculos a região se tornou um mosaico de praticas espirituais, abrigando budistas, hindus, cristãos e muçulmanos.

O Monastério Dali, budista tibetano, fica a 3km do centro da cidade e abriga hoje mais de 200 monges residentes.

É possível visitar o templo e um museu, que inclusive resolve o mistério do porque o Brasil perdeu a copa de 1998, nele há uma camisa autografada pelo próprio Zidane, agradecendo os monges pela torcida e orações.

No alto da cidade existe a Peace Pagoda, outro templo budista, nesse caso japonês, projetado para receber pessoas de todas as raças e credos e uni-los pela paz mundial. Nela estão representações dos 4 avatares de Buda.

Também vale a visita o Templo Mahakal, sagrado tanto para budistas quanto para hindus. Decorado com sinos de oração e bandeiras tibetanas é o único onde estão lado a lado um sacerdote hindu e um monge budista recebendo devotos de todas as partes.

Logo atrás dessas duas primeiras religiões fica o cristianismo, escolha de 5% da população local, incluso nosso guia nessa jornada.

E, por fim, precisamos falar sobre o acolhimento que recebemos aqui. Principalmente na HomeStay onde ficamos: Blue Horizon.

A cidade conta com diversas hospedagens de luxo, herança da história local como cidade de veraneio das famílias inglesas, mas duvidamos que elas ofereçam o que recebemos do Sammy.

Ele abriu as portas de sua casa, preparou um chá e nos deu as boas-vindas ao melhor estilo nepalês, presenteando-nos com cachecóis de seda do tipo Khata, um símbolo de respeito, bênção, conexão e positividade.

***

E aí, pront@ para embarcar nessa jornada incrível? Darjeeling é muito mais do que um destino, é uma experiência que mistura história, cultura, paisagens de tirar o fôlego e, claro, o melhor chá do mundo. Cada detalhe dessa cidade nos encantou, e temos certeza de que vai encantar você também!

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